Servidores que atuam no Departamento de Estradas e Edificações de Minas Gerais (DER/MG) decidiram cruzar os braços após mais uma tentativa de negociação frustrada com o governo estadual. A categoria cobra a recomposição salarial acumulada há oito anos, mas a contraproposta apresentada pelo governo, além de não atender as expectativas, ainda condiciona o aumento a aprovação do RRF (Regime de Recuperação Fiscal) na Assembleia Legislativa - o que é visto com desconfiança por quem representa os trabalhadores.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos em Transportes e Obras Públicas do Estado (Sinttop), José Alberto Coutinho, a principal insatisfação dos servidores é com o salário, que desde 2014 não é reajustado.
“A greve foi uma decisão tomada na quarta-feira (23), em assembleia, mas as oportunidades para o governo nos atender estão sendo dadas desde 2019, quando sentamos para negociar pela primeira vez. Nossa categoria não recebe reajustes desde 2014. Os comissionados que se aposentaram tiveram o último reajuste em 2010. Então queremos negociar um plano de carreira que restitua o nosso poder de compra”, reclama.
Inicialmente, a proposta apresentada pelo sindicato variava de 50% a 89% nos salários das diferentes categorias que atuam no DER/MG. Mas diante da negativa do governo, os servidores pedem ao menos a recomposição salarial desde 2019, que chega a 27%, além da ajuda de custo, que passaria de R$ 90 para R$ 140. Do outro lado, o governo propôs um reajuste de 10,7% que seria condicionado à aprovação do RRF na Assembleia Legislativa. Esse termo do acordo desagradou os servidores.
“O governo fez uma contraproposta que não é exequível, porque depende da Assembleia aderir ao Regime e isso não vai acontecer. Não há maioria para apoiar isso”, diz Coutinho, que também se posicionou contra o plano proposto pelo governo Zema.
Conforme decisão dos trabalhadores, a greve começa na próxima quinta-feira (3) e apenas 30% dos serviços prestados pelo DER/MG serão mantidos.
Atualmente, o departamento possui cerca mil servidores para cuidar de quase 30 mil quilômetros de rodovias sob a responsabilidade do governo estadual.
Entre os serviços prestados pelos servidores do DER/MG estão a fiscalização e manutenção das estradas estaduais, a fiscalização do transporte público rodoviário entre cidades e muito mais.
Conforme o presidente do Sinttop, José Alberto Coutinho, os impactos gerados pela paralisação devem ser sentidos imediatamente pela população.
“Por termos legais, vamos manter 30% de funcionamento, mas alguns setores serão muito afetados. Por exemplo, o governo quer lançar um plano de recuperação das estradas após esse período chuvoso e não vai ter pessoal para executar isso. A vistoria dos ônibus na região Metropolitana de Belo Horizonte também vai ficar com funcionamento mínimo. As autorizações especiais de trânsito, de cargas que passam pelo estado, isso tudo vai ficar prejudicado”, prevê.
A decisão pela continuidade do movimento será tomada ao longo dos próximos dias. “Teremos uma nova assembleia toda semana. Se o governo não sinalizar com alguma coisa, vamos continuar indeterminadamente”, finaliza.
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